II ENSL

Como disse antes, fui no II ENSL em Aracaju. O evento foi muito legal, e embora eu tenha ficado com febre do sábado até chegar em casa na segunda, pude aproveitar bastante. O gentil pessoal do IV Fórum GNOME me deu uma camisa do GNOME (brigado Izabel :), me deixando bem feliz (“Alegria de nerd é ganhar camiseta”, já dizia a Priscila aqui do INdT), em troca tive de dar uma entrevista surpresa. Mico! Pelo menos a febre cedeu pelo tempo de apresentar minha palestra sobre o Glade, e mais a palestra do Kenneth sobre o Eréseva – ele não pôde ir, perdeu, perdeu :P.

Vou deixar mais detalhes sobre o evento nas mãos da peixebeta. Mas tenho de falar da hospitalidade viking de Marden, Sandro & cia, que nos (== a comitiva do Debian-PE) recebeu na casa deles. Nunca tinha viajado pra tão longe e não sabia que seria tão bem-vindo. Vocês foram demais. 🙂

Despedida dos Vikings de Aracaju
Essa foto resume o espírito da viagem

As viagens de ida e volta também foram interessantes. Na ida, um pneu estourado no meio do nada de meia-noite, os caminhões quer passavam a toda pareciam naves espaciais. Na volta andamos na balsa do São Francisco. Rio bonito da gota! Outra vez eu volto lá pra nadar. E depois horas e horas de cana-de-açúcar pra lá, cana-de-açúcar pra cá. Não acabava nunca! Luciano ficou no volante por 12h (só a volta) comigo febril do lado cantando junto com o CD Player. Não sei como ele e o povo atrás do carro agüentaram.

Coloquei os slides no slide share: Mantendo a Sanidade com o Glade

Pacote Debian do Vala

Hoje Alberto Ruiz (que parece assustadoramente com um amigo meu; alô Icaro!) fez um binding Vala pro GtkMozEmbed, daí me empolguei e fiz um pacote Debian do bicho. Estava num Ubuntu Gutsy e não testei em nenhuma outra máquina, então só garanto funcionar do Gutsy pra cima (dica: precisa libglib maior igual a 2.12.9).

Download: vala_0.1.2-1_i386.deb

Se quiser experimentar uns códigos (com um esclarecedor Makefile), veja o post anterior sobre Vala.

Já criei um binding pro Hildon que deve deixar os manos do INdT felizes, só falta arrumar uma coisa e outra e mando o patch.

Vala para Mobile with Lasers, digo, com Figuras

O mesmo que falei antes, agora com figuras! (Porque sem figuras fica chato.)

O primeiro diagrama mostra um cenário com Mono sendo usado como plataforma de desenvolvimento para portáteis, o diagrama seguinte mostra o equivalente em Vala.

Mono foi escolhido como exemplo por Vala ser fortemente inspirada em sua sintaxe, e também por uma discussão na lista mobile-devel do GNOME, onde alguém pergunta o motivo de Mono não estar sendo considerado e dentre as resposta está uma de Jeff Waugh que diz: “Mono is a can of worms that no one really wanted to open”. (Leia o resto pra não tirar conclusões precipitadas.)

Não estou aqui desconsiderando os módulos/bibliotecas e outras coisas que vem junto com o Mono, esta é um comparação um tanto grosseira.

Mono_for_mobile
Mono: menos passos para compilação, mais peso no runtime.

Vala_for_Mobile
Vala: mais passos para compilação, mas o runtime nem precisou saber…

Vala para Mobile

Como você já deve saber, o sistema de tipos e orientação a objetos de GTK+ é baseado na GLib. E como você já deve saber, botar pra funcionar orientação a objetos em C é um troço bem engenhoso, mas muito doido e cansativo. Daí que boa parte dos programas em GTK+ é escrita em linguagens de alto nível usando bindings (PyGTK, GTK#, gtkmm, java-gnome).

Os bindings são muito úteis, mas para um programa feito em PyGTK funcionar, é necessário ter instalados em seu sistema GTK+, Python e PyGTK. Num sistema Linux regular tudo isso já está lá e ninguém percebe. Já numa máquina Windows pode ser um pouco demais pedir pra o usuário instalar esses mondrongos antes do seu programa de 800kb. O problema no desktop não é falta espaço em disco ou memória, e sim evitar importunar o usuário com a instalação de dependências que ele não precisa saber que existem. (Tem gente trabalhando nesse último problema.)

Mas o que me motivou a escrever esse post foram os sistemas móveis. Já temos uma certa quantidade de plataformas móveis baseadas em GTK+ (e GStreamer, e outras GLib-coisas): Maemo, OpenMoko, OLPC. Bindings para linguagens de alto nível estão normalmente disponíveis e sua instalação costuma ser transparente para o usuário. Só não é transparente para os recursos limitados do dispositivo portátil, mas pedir aos desenvolvedores que usem GLib-C[1] certamente não vai te tornar um cara mais popular.

Vala

Vala é uma linguagem com sintaxe próxima de C#, com algumas adaptações para se encaixar melhor no sistema de tipos do GObject. Pelo menos é isso que diz no site. Já a wikipedia diz o seguinte:

Vala (valá-), meaning “enclosure” in Vedic Sanskrit, is an Asura of the Rigveda and the Atharvaveda, the brother of Vrtra.
(…)
Historically, it has the same origin as the Vrtra myth, being derived from the same root, and from the same root also as Varuna, *val-/var- (PIE *wel-) “to cover, to enclose” (perhaps cognate to veil).

Wikipedia: Vala (Vedic)

Antes de você começar a pensar que se trata de mais um binding pra GTK+, vou esclarecer que a saída gerada pelo compilador Vala é nada menos que código GLib-C, que pode ser compilado normalmente pelo GCC para binários nativos, linkando diretamente com bibliotecas baseadas na glib. Vala é algo que, fazendo uma analogia ao asura do mito védico, cobre/envolve o código GLib-C, ocultando sua complexidade. A ligação Vala-C é feita por um arquivo .vapi, que, como cansei de dizer, só é necessário em tempo de compilação.

Voltando ao cenário dos dispositivos móveis, com Vala o desenvolvedor tem o conforto equivalente a um binding de alto nível, e o portátil não tem de pagar o preço por isso. Abstração sem overhead!

Instalando

Pegue a versão mais recente em http://live.gnome.org/Vala/Release e compile da maneira usual. Além das ferramentas de praxe, Bison e Flex precisam estar instalados (no Debian/Ubuntu são os pacotes bison e flex).

Comparação

Vejamos um código bem simples em Vala, apenas uma classe que herda de um GObject e acrescenta um campo de texto.

// example.vala
using GLib;
public class MyObject : Object
{
protected string text { get; set; }
public MyObject () {
text = "";
}
}

Para gerar o código C (.h e .c), chame: valac example.vala

Os get e set da linha abaixo

protected string text { get; set; }

dão origem a

char* my_object_get_text (MyObject* self)
{
g_return_val_if_fail (IS_MY_OBJECT (self), NULL);

return self->priv->_text;
}

void my_object_set_text (MyObject* self, const char* value)
{
g_return_if_fail (IS_MY_OBJECT (self));

char* __temp2 = NULL;
const char* __temp1 = NULL;
self->priv->_text = (__temp2 = (__temp1 = value, (__temp1 == NULL ? NULL : g_strdup (__temp1))), (self->priv->_text = (g_free (self->priv->_text), NULL)), __temp2);
}

Mais Código

Como este blog honra as calças que veste, os seguintes códigos de exemplo (junto com um Makefile) podem ser encontrados no svn do google:

Minha intenção é gerar os bindings pra algumas coisas interessantes como tapioca-glib e hildon. Pode levar um tempo, mas assim que estiver pronto posto algo.

[1] GLib-C é a forma como Steven Hendrickx se refere a código C escrito no estilo orientado a objetos da GLib em seu texto Glib-C: C as an alternative Object Oriented Environment.

Dica: Escutando a Nova Brasil FM no Banshee

Sim, Lauro, eu simplesmente copiei e colei o título do teu post com uma alteraçãozinha. 😛

Fiquei curioso e fiz eu mesmo:

abri o Banshee e fui no menu Músic->Abrir Localização… daí colei o link de stream (mms://rd1.redeupx.net/357sp) da Nova Brasil FM*, então cliquei em Abrir e já tava tocando. Muito melhor que aquelas porcarias de WebRadios que quase sempre usam cAptiveX.

* O cara que dirigia o carro do serviço de campo de uma terceirizada de telefonia onde estagiei pelo CEFET ouvia muito essa rádio. E isso era uma das duas coisas boas sobre o trabalho maldito e miserável que me fazia querer ficar doente pra não ir pra ele. A outra coisa boa foi eu ter decidido largar tudo e estudar pro vestibular de Eng. da Computação da UFPE.

Moral da história: há males que vem para o bem. \o/

Moral 2 da história: não trabalhe numa terceirizada de telefonia, esses caras tiram leite de pedra e sangue de estagiários. 😦